Hoje vamos falar sobre a cistoscopia. Muitos pacientes urológicos têm que ser submetidos ao exame de cistoscopia. Esse exame consiste na passagem de uma câmera (cistoscópio) para visualizar a uretra e o interior da bexiga.
A cistoscopia é muito utilizada para fazer a detecção de tumores dentro da bexiga e o acompanhamento após o tratamento.
Figura 1: na história da medicina, a cistoscopia foi o primeiro exame endoscópico a ser realizado, ou seja, primeiro exame realizado dentro do corpo sem que fossem necessários cortes e utilizando uma fonte de luz. Esse evento aconteceu em 1878, quando Maximilian Carl-Friedrich Nitze, urologista alemão, apresentou o primeiro cistoscópio realmente funcional criado em conjunto com o Joseph Leiter, inventor de instrumentos
… e falando de tecnologia
Mas desde aquela época, diversas inovações surgiram. A utilização se ampliou e permitiu o surgimento da endoscopia digestiva, broncoscopia, laparoscopia e mesmo a laparoscopia robótica. Associando outras tecnologias, é possível realizar encoendoscopia, biópsias e outros procedimentos.
Na área da cistoscopia, atualmente temos cistoscópios flexíveis e semi-rígidos, com fonte de luz fria e com várias tecnologias de ampliação e tratamento de imagem. Uma tecnologia que vale a pena citar é a narrow band imaging.
Essa semana realizamos um procedimento de cistoscopia e tratamento de tumor vesical (ressecção transuretral de bexiga) de um paciente com lesões muito pequenas na bexiga. Utilizando a tecnologia de narrow band imaging (NBI), foi possível avaliar a bexiga e detectar lesões com maior precisão.
A tecnologia é especialmente útil na avaliação de pacientes com câncer de bexiga, particularmente com carcinoma in situ, um tipo de tumor de difícil visualização.
Através de tecnologia de melhoria de imagem, é possível filtrar a luz branca em 2 diferentes bandas, incluindo os espectros azul (415mm) e verde (540mm). No modo NBI, a luz é fortemente absorvida pela hemoglobina do sangue. Como a luz somente penetra a camada mais superficial da bexiga, isso facilita a identificação de capilares. Geralmente, os tumores superficiais são ricos em vasos/ capilares sanguíneos, fica mais fácil de detectá-los.
Estima-se que cerca de 23% dos diagnósticos perdidos de lesões superficiais possam ser evitados utilizando essa tecnologia.
Dr Carlos Watanabe é urologista especialista em Uro-Oncologia e Cirurgia Robótica
Referências:
Hsueh TY, Chiu AW. Narrow band imaging for bladder cancer. Asian J Urol. 2016;3(3):126-129.
Gomella LG. From the Lichtleiter to Capsule Cystoscopy. European Urology 55 (2009) 1034–1036