Pieloplastia

Tenho estenose de JUP – Como é o tratamento?

 

O que é estenose de JUP (junção ureteropélvica)?

Os rins produzem urina que é coletada nos cálices renais. Depois de coletada ela desce através da pelve renal até o ureter até a bexiga.

Em alguns pacientes, pode ocorrer a obstrução do ureter ou da junção da ureter com a pelve renal. 

A causa mais comum de obstrução do trato urinário em crianças é uma obstrução congênita (de nascença) da junção ureteropélvica (JUP). 

A JUP é a área no centro do rim onde a urina se acumula e é canalizada para o ureter. Esse tipo de obstrução ocorre em aproximadamente uma em 1.500 crianças. 

 

Essas obstruções se desenvolvem no pré-natal à medida que o rim está se formando. Hoje, a maioria dos casos é diagnosticada na triagem pré-natal por ultrassom.

Qual as consequências da estenose de JUP?

Na obstrução da JUP, o rim produz urina a uma taxa que excede a quantidade de urina capaz de drenar da pelve renal para o ureter. 

Isso causa um acúmulo de urina no rim. O acúmulo, também chamado de hidronefrose, é visível no ultrassom e geralmente permite que o médico preveja a presença de obstrução da UPJ antes do nascimento do bebê.

Mas e se meu diagnóstico foi feito na fase adulta? O que devo fazer?

Embora menos comum em adultos, a obstrução da JUP pode ocorrer como resultado de cálculos renais, cirurgia prévia ou distúrbios que causam inflamação do trato urinário superior.

Ainda é comum pacientes chegarem ao consultório com diagnóstico de estenose de JUP congênica na fase adulta, uma vez que a utilização de ultrassom para avaliação pré-natal somente se tornou mais comum a partir da década de 1980. 

Havendo estenose de JUP, será necessário avaliar se o paciente tem sintomas relacionados ao aumento de pressão na pelve renal e dificuldade de esvaziamento. Após a ingestão de grande quantidade de líquido ou mesmo bebidas alcoólicas (o que estimula o aumento de produção de urina de forma mais rápida) o paciente pode referir dor. O paciente com estenose de JUP pode estar sujeito a infecções e formação de cálculos. 

Quais exames são feitos para avaliar a estenose de JUP?
Muitas vezes, o diagnóstico é feito por ultrassonografia de rins ou de abdome. Mas a melhor forma de avaliar é através do exame com contraste com avaliação da fase excretora (tomografia computadorizada) que permite avaliar a presença de cálculos renais, o grau de dilatação, presença de vasos anômalos e mesmo avaliação de outros diagnósticos que podem se confundir com a estenose. 

O médico pode pedir também o exame de cintilografia renal para avaliar a velocidade com que a urina é eliminada pelos rins. Essa informação é importante pois muitos pacientes com estenose de JUP diagnosticados na fase adulta somente precisarão de tratamento se houver sintomas ou se o esvaziamento da urina estiver muito lentificado. Caso contrário, o acompanhamento será uma boa opção. 

Estou com estenose de JUP e foi indicado tratamento cirúrgico. Como é a cirurgia?

A cirurgia de correção de estenose de JUP envolve técnicas endourológicas (pode dentro do ureter) e técnicas por via abdominal (laparoscópica e robótica em casos de adultos). 

A escolha da técnica dependerá da preferência e habilidade do cirurgião,  avaliação de vantagens e desvantagens de cada método, condições clínicas do paciente. 

As técnicas com melhores resultados envolvem a ressecção (remoção) da parte doente da JUP e plástica da região da pelve renal com o ureter.

Qual a diferença da Cirurgia Aberta e a Laparoscópica Robótica?

Cirurgia laparoscópica robótica: pequenas incisões de cerca de 1cm permitem a passagem de pinças e câmeras especialmente projetadas para realizar um procedimento preciso e minimamente invasivo, com tempo de recuperação mais rápido e incisões menores.

Cirurgia aberta: essa abordagem usa incisões e ferramentas tradicionais. Uma cirurgia aberta pode ser uma opção apropriada em caso de cirurgia de correção de estenose de JUP em crianças ainda muito pequenas em que é possível acessar o rim através de um corte pequeno na região lombar. A escolha dependerá da avaliação criteriosa caso a caso pelo urologista pediátrico. 

Como é a anestesia?

A pieloplastia leva cerca de duas horas. Você estará sob anestesia geral, então estará completamente adormecido. 

Quais os passos da cirurgia?

Durante a cirurgia, o seu médico irá:

Realizar uma pequena incisão para obter acesso a cavidade abdominal e passar os trocateres por onde passam a câmera e instrumentos. 

Será identificado o ureter, a junção ureteropiélica e a pelve renal dilatada. Se houver vaso anômalo passando na região da JUP, este deverá ser preservado.

É realizada a ressecção da área doente e o excesso de pelve renal. É  realizada a anastomose, ou seja, será realizada a sutura da pelve renal ao ureter. Neste momento, é passado um cateter duplo jota (cateter urinário transureteral) que permitirá a passagem de urina e modelagem do ureter enquanto a sutura passa pelo processo de cicatrização. Esse cateter ficará por cerca de 3-4 semanas. 

Como é o pós-operatório?

Após a pieloplastia:

Mais dois a três dias de internação são em geral necessários para observação clínica. Não havendo complicações, o paciente pode ser liberado para casa. Nesse período, o médico poderá deixar uma sonda e um dreno abdominal para monitoramento da eliminação de urina. Esses dispositivos são retirados antes do fim da internação. 

Em casa: depois de ser mandado para casa, medicações para analgesia simples são utilizadas para controle da dor. Após a cicatrização do local da cirurgia, o cateter duplo jota é removido no hospital ou na clínica por meio de procedimento simples de cistoscopia pelo urologista em 3-4 semanas. 

Obs: é fundamental que o cateter duplo jota seja removido. Fique atento a programação feita pelo seu médico. 

Licença médica/ afastamento: não recomendamos atividade extenuante ou trabalho pesado por pelo menos um mês após a cirurgia. A maioria das pessoas tira fica afastada do trabalho por duas a quatro semanas. Se você trabalha em casa ou em escritório, é possível retornar mais precocemente, com duas semanas. Mas sempre com orientação e após avaliação médica. 

É importante saber que após um mês, sua vida deve começar a voltar ao normal.