Tratamento Cirúrgico da Varicocele
Infertilidade e varicocele: qual é a relação e qual é o melhor tratamento?
O que é varicocele?
A varicocele são varizes das veias escrotais que podem ser causa de infertilidade masculina, dor e podem até prejudicar a produção de testosterona.
A varicocele é o diagnóstico mais comum em homens que se preocupam com sua fertilidade. Embora a incidência de varicocele tenha sido estimada entre 15 e 20% na população em geral, esse valor aumenta para 35 a 40% entre os homens que apresentam infertilidade primária (ou seja, que nunca tiveram filhos).
Embora seja estimado que aproximadamente 80% dos homens com varicoceles sejam férteis e não apresentem sequelas como resultado de seu diagnóstico, há dados sugerindo que a presença de varicocele pode afetar negativamente o funcionamento das células de Sertoli e das células de Leydig de maneira progressiva. Consequentemente, a avaliação e o tratamento das varicoceles se tornaram uma das espinhas dorsais da medicina reprodutiva masculina moderna.
Qual a diferença da cirurgia de varicocele com e sem microscópio ?
Primeiramente, o melhor tratamento da varicocele envolve o bom conhecimento de anatomia.
Cirurgia sem microscópio por via inguinal ou subinguinal: cirurgia realizada a olho nu, na qual é feita uma pequena incisão na virilha e é feita a ligadura das veias. Como os vasos são muito pequenos, há maior risco de lesão de vasos arteriais que levam sangue ao testículo e maior risco de lesão de vasos linfáticos (microvasos que drenam a linfa dos testículos). Além de haver risco de deixar vasos varicosos residuais com maior possibilidade de necessitar de re-operação.
Cirurgia laparoscópica: é feita por laparoscopia, ou seja, com câmera e instrumentos que passam através de pequenos orifícios na pele. São tratadas as veias espermáticas. Nessa modalidade de tratamento, é necessário procedimento mais invasivos com acesso a cavidade abdominal. Há risco de deixar sem ligadura vasos cremastéricos que também são responsáveis pela varicocele em 50% das vezes, daí a maior taxa de recorrência do que a cirurgia com microscópio.
Varicocelectomia com microscópio: é o procedimento com melhores taxas de sucesso e menor risco de complicações. Realizada através de pequena incisão na pele na região inguinal ou subinguinal. É posicionado microscópio com ampliação de até 40 vezes (mesmo microscópio utilizado em cirurgias oftalmológicas). São ligadas as veias e preservadas artérias e linfáticos.
Para saber mais
Para saber mais
Existem três grupos de veias: as veias espermáticas internas (também conhecidas como veias gonadais), as veias deferenciais e as veias cremaméricas. As veias espermáticas e deferenciais internas cursam na fáscia espermática interna, enquanto as veias cremamáticas viajam entre as camadas fasciais externa e interna. As veias cremaméricas são acessíveis apenas no nível inguinal / subinguinal e, em virtude disso, são perdidas ao realizar reparos laparoscópicos ou retroperitoneais. Isso é significativo, pois estudos demonstraram que esses vasos estão envolvidos em até 50% das varicoceles.
Como é a anestesia?
A anestesia é geral para diminuir a movimentação durante o procedimento microcirúrgico e facilitar a recuperação e liberação do paciente após o procedimento.
Quais os passos da varicocelectomia microcirúrgica?
Uma varicocelectomia microcirúrgica é realizada com um microscópio de alta potência para obter as maiores taxas de sucesso com os menores riscos de efeitos colaterais. Existem duas abordagens para a varicocelectomia microcirúrgica, inguinal ou subinguinal. Se o procedimento estiver sendo realizado para a dor, a abordagem inguinal é frequentemente usada para permitir o acesso ao nervo ílio-inguinal, que pode ser cortado para proporcionar alívio permanente da dor. O local da incisão para inguinal é um pouco mais alto na virilha do que subinguinal.
Após a incisão da pele, é acessado o cordão espermático, onde as veias anormais são encontradas. Cada veia é dissecada de forma meticulosa e depois ligada para interromper o fluxo por elas. Para ter o melhor resultado, o cirurgião irá ligar todas as veias e preservar artérias, ducto deferente e drenagem linfática.
A cirurgia dura cerca de 45-60 minutos de cada lado. A cirurgia com abordagem dos dois lados leva cerca de 2 horas a 2 horas e meia. Esse procedimento é, geralmente, realizado em regime de hospital-dia, ou seja, o paciente vai para casa no mesmo dia do procedimento.
Como é o pós-operatório?
Após a cirurgia: alta no mesmo dia do procedimento em regime de hospital-Dia. Orientamos o uso de suspensório escrotal nos primeiros dias após a cirurgia, especialmente durante o dia. Pode ser realizada compressa com gelo 15 minutos de hora em hora nas primeiras horas após o procedimento.
Em casa: depois de ser mandado para casa, medicações para analgesia simples são utilizadas para controle da dor.
Licença médica/ afastamento: não recomendamos atividade extenuante ou trabalho pesado por pelo menos um mês após a cirurgia. A maioria das pessoas ficam afastadas do trabalho por duas semanas, mas é possível retomar as atividades de trabalho de escritório em três a cinco dias – sempre com orientação e após avaliação médica.
É importante saber que após um mês, sua vida deve começar a voltar ao normal. Mas, alguns homens ainda experimentam efeitos colaterais que podem incluir:
- Hematoma
- Inchaço na bolsa testicular e
- Dor na região da ferida operatória.
Os efeitos colaterais da cirurgia são geralmente temporários. No entanto, se eles estiverem afetando sua qualidade de vida, não deixe de nos perguntar sobre as opções que podem ajudar.
Carlos Watanabe
Dr. Carlos Watanabe atende na área de urologia e cirurgia minimamente invasiva. Atuante na área de cirurgia robótica/laparoscópica oncológica, é especializado em transplante renal, conta com ampla experiência em uro-oncologia e também atua na área de microcirurgia e tratamento de cálculos renais complexos por via minimamente invasiva.